16 de jan. de 2012

Bloco Abstração

A técnica inventada por Tabard foi outro modo de extrair imagens abstratas de meios fotográficos, sendo o processo químico tratado à maneira de uma pintura informal. Em sua obra, e também na do pintor Iberê Camargo, os nexos com a realidade se estabelecem através de uma materialidade sem contornos definidos ou controláveis, que os artistas manipulam dando margem ao inesperado. Pense: o que isso lhe diz sobre a experiência do real? Talvez possamos ver nos dois casos um desejo de estabilizar formas em matérias instáveis – ambos aludiriam, assim, à relação produtiva do indivíduo com um real sempre complexo e jamais plenamente apreensível.

Agora pense mais detidamente a respeito da obra de Yves Saint Laurent, que estabelece uma relação direta entre um vocabulário abstrato e a realidade tangível do corpo feminino. Reflita sobre a apropriação da estética neoplástica pela moda dos anos 60, vá ao fórum e debata o sentido dessa apropriação no vestido Mondrian.


Resposta:
  
   No Brasil, o Abstracionismo surgiu na década de 1950, no século passado. Um dos primeiros pintores abstratos brasileiros foi Antônio Bandeira. No início de sua carreira, ele produzia uma obra figurativa.

   No ano de 1951, foi organizada em São Paulo, a Primeira Bienal Internacional de Arte, no Museu de Arte Moderna. O Abstracionismo já estava presente na mostra, causando interesse e polêmica, os primeiros pintores abstratos brasileiros estiveram presentes, Antônio Bandeira, Iberê Camargo, Lygia Clark, Manabu Mabe, Alfredo Volpi, Milton Dacosta, Waldemar Cordeiro, Ivan Serpa.

   No ano de 1952, formou-se um grupo de artistas que se reunia para estudar o Abstracionismo. Este grupo ficou conhecido como grupo Ruptura, era formado por Waldemar Cordeiro, Geraldo de Barros, Lothar Charoux entre outros. Cada vez mais, o Abstracionismo começava a agradar, e a se firmar como expressão entre os artistas brasileiros. Novas descobertas eram feitas, a imaginação e a liberdade de expressão encontravam espaço, e ofereciam novos caminhos aos artistas.

   Alguns seguiram o caminho do Abstracionismo geométrico como Volpi, e Rubem Valentim. Outros artistas escolheram uma arte abstrata informal, sem preocupação com linhas, formas e espaços bem definidos. Ao usar movimentos e gestos amplos com seus pincéis, o artista não respeitava os limites das linhas, e combinava as cores de acordo com seu gosto e expressão. A arte abstrata foi muito importante para a evolução de nossa expressão artística. O Abstracionismo permitiu aos nossos artistas se libertarem das técnicas convencionais, das figuras, das imagens e das formas rígidas. Eles puderam buscar com mais intensidade o mais verdadeiro espírito da arte: emocionar a si mesmos, e aos outros.

   No Brasil não se fundou em grupos organizados nem em embates teóricos. A grande influência sobre seu desenvolvimento foi mesmo a Bienal de São Paulo que, desde sua criação, em 1951, e em especial ao longo da década de 60, mostrou as obras dos pintores tachistas, informalistas e gestuais cujas carreiras iam chegando internacionalmente ao apogeu. Mas mesmo antes da Bienal houve, a rigor, dois pioneiros, Cícero Dias e Antônio Bandeira, que no final da década de 40 viviam na Europa e vinham ao Brasil.

   Dentro do rótulo abstração informal entra também o expressionismo abstrato, que designa uma arte mais vigorosa, gestual e dramática, cujo ponto máximo é a action painting do norte-americano Jackson Pollock (1912-1956). No Brasil, nunca se chegou a tal extremo. O mais gestual e dramático de nossos abstracionistas foi o pintor Iberê Camargo. De resto, o gesto - em especial um gesto elegante, com nítido caráter caligráfico - aparece na pintura dos artistas chamados nipo-brasileiros, porque nasceram no Japão, emigraram para o Brasil, mas trouxeram da terra natal uma tradição de arte abstrata, que aqui desenvolveram.

   O primeiro dos nipo-brasileiros a se impor, no final da década de 50, foi Manabu Mabe (1924-1997), um ex-lavrador que emigrara aos dez anos, e ele é o mais conhecido dos nipo-brasileiros no exterior. Além de Mabe, se destacaram Tikashi Fukushima (1920), Kazuo Wakabaiashy (1931), Tomie Ohtake (1913) e Flávio Shiró (1928). Os dois últimos são casos especiais. Tomie nunca chegou a ser exatamente uma pintora informal, embora não usasse, no início, formas geométricas; adotou-as, entretanto, dos anos 70 em diante. Já Flávio Shiró fez uma síntese muito original e altamente dramática entre abstração gestual e figuração, e há fases em que uma ou outra predominam.

   Outros pintores abstratos informais de importância e qualidade que devem ser citados: Henrique Boese (1897-1982), nascido na Alemanha; Yolanda Mohályi (1909-1978), nascida na Hungria; Mira Schendel (1918-1989), nascida na Suíça; Wega Nery (1912); Loio Pérsio (1927); Maria Leontina (1917-1984) e Ana Bella Geiger (1933), todos nascidos no Brasil.

   Muito importante, dentro do abstracionismo lírico no Brasil, foi também o papel da gravura, que se tornou mais que uma técnica de multiplicação de imagens e conseguiu o status de linguagem. Mestres da gravura abstrata lírica se tornaram Fayga Ostrower (1920), Artur Luís Piza (1928), Rossini Perez (1932), Anna Bella Geiger (1933) - antes de passar à pintura - e Maria Bonomi (1935).

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