16 de jan. de 2012

Bloco Distorção

Fórum:
   Se a arte moderna pôs em crise as formas tradicionais de representação da figura, isso aconteceu porque tais formas já não correspondiam à experiência e ao pensamento do homem que vivia a modernidade dos séculos XIX e XX – o modelo clássico havia deixado de ser capaz de expressar as novas relações desse homem com seu ambiente e seu tempo.
   Lembre-se das obras que vimos até aqui, não somente neste bloco mas também nos anteriores, e reflita sobre a representação da figura nos diversos movimentos artísticos.
   Tome em especial as transformações ocorridas entre o impressionismo, o expressionismo e o cubismo, e debata: o que o desenvolvimento da relação figura/fundo ao longo desses três movimentos poderia nos revelar sobre a relação homem/mundo na modernidade?


Resposta:
   O Impressionismo é uma radicalização dos preceitos do realismo, no que diz respeito à valorização do instante e às questões relacionadas à sensação visual, porém, dá um passo adiante nesses estudos, com um novo enfoque. Os artistas impressionistas foram beneficiados pelo advento do quadro de cavalete e dos tubos de tinta de estanho flexível (substituindo a bexiga de porco) que, por serem portáteis, possibilitaram-lhes sair de seus ateliês para pintar ao ar livre. Estavam interessados em captar a vida ao vivo, queriam perceber, captar e pintar tudo aquilo que estivesse sob o efeito passageiro, momentâneo e fugaz da luz do sol. Influenciados pelas novas teorias ópticas e pelos efeitos da fotografia instantânea, os artistas buscavam estudar cientificamente as cores, os reflexos e as transparências do efeito da luz sobre os elementos da natureza.

   Pode se dizer que Van Gogh aprendeu com os impressionistas tudo o que diz respeito às influências entre as cores, mas tais relações o interessam não como correspondências visuais, e sim como relações de força (atração, tensão, repulsão) no interior do quadro. Em virtude dessas relações e contrastes de forças, a imagem tende a se deformar, a se distorcer, a se lacerar; pela aproximação estridente das cores, pelo desenvolvimento descontínuo dos contornos, pelo ritmo cerrado das pinceladas, que transformam o quadro numa composição de signos animados por uma vitalidade febril e convulsa. Assim, sua obra foi fonte de inspiração para o surgimento de um importante movimento moderno, o Expressionismo.

   O Expressionismo é a arte do instinto, trata-se de uma pintura dramática, subjetiva, “expressando” sentimentos humanos. Utilizando cores irreais, dá forma plástica ao amor, ao ciúme, ao medo, à solidão, à miséria humana, à prostituição. Deforma-se a figura, para ressaltar o sentimento. O Expressionismo já indica, com seu próprio nome, a principal razão de sua existência: expressar os sentimentos e visões de mundo dos seus artistas.

   O Cubismo é um movimento artístico decorrente da preocupação em relação ao estudo da forma, rompeu com a idéia de imitação da natureza e abandonou as noções tradicionais de perspectiva. Os artistas procuravam novas maneiras de retratar o que viam, e passaram a valorizar as formas geométricas e a retratar os objetos e as pessoas como se estivessem partidos, ou multiplamente retratados segundo os diversos pontos de vista sob os quais eram observados. Todas as partes de um objeto (lados, parte superior e inferior) eram representados em um único plano, ao mesmo tempo, como se o artista visse esse objeto de vários ângulos diferentes simultaneamente. Em algumas obras cubistas, o artista se preocupou tanto em apresentar simultaneamente todos os lados de um objeto escolhido que, devido à fragmentação excessiva desse objeto, ficou quase impossível reconhecê-lo na pintura.

   No início do século XX, artistas como Picasso, Matisse, Kandinsky e muitos outros, incorporando as lições de Monet, Cézanne e Van Gogh, provocaram uma verdadeira revolução nas artes visuais ao romperem com os limites para a criação artística definidos pelas academias de belas-artes – retratar essencialmente o mundo visível com verossimilhança. Em suas obras de arte interessava cada vez mais tudo aquilo que é próprio da arte: as cores, as texturas, os volumes, o espaço bi e tridimensional. Os artistas ainda demonstravam estar sintonizados com sua época, engajados politicamente e certo de suas convicções, expressando ainda que indiretamente seus sentimentos e idéias em seus trabalhos.

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