17 de jan. de 2012

Unidade 8 - Fórum

No panorama histórico traçado em “O Desenvolvimento do Design e a Questão Estética”, fomos levados a perceber o dinamismo da transformação e do surgimento das necessidades humanas. Por lidar com a produção e o suprimento dessas necessidades, o design nos ajuda a pensar os valores sociais predominantes em diferentes épocas.
Segundo Washington Dias Lessa, no século XX revezaram-se condições que ora privilegiaram a objetividade e a racionalidade, ora a subjetividade e a ambigüidade. Vejamos a seguir as duas vertentes do design ressaltadas no texto: uma, de origem construtiva, que objetivou a funcionalidade dos produtos, e outra que, questionando esse paradigma, privilegiou o apelo estilístico.
Na primeira vertente, as exigências para os projetos de design alinharam-se à ênfase industrial na produtividade e na criação de padrões, com uma visão generalizante do consumidor e de suas necessidades. Prevalecia a idéia de que a criação formal dependia de determinações funcionais. Os projetos relacionáveis a essa vertente acompanhavam aperfeiçoamentos artísticos e científicos, ou seja, guiavam-se por modelos ideais, oriundos da arte ou da ciência.
Reflita um pouco mais sobre as duas escolas de cunho racionalista/funcionalista apresentadas no texto: a Bauhaus, mais ligada a um discurso artístico, e a Escola de Ulm, ligada a um discurso científico. Pesquise em livros, na Internet ou em outras fontes à sua disposição as obras do designer Hans Gugelot e do pintor Tomás Maldonado, dois nomes importantes de Ulm, e compare-as com a estética bauhausiana das obras de Walter Gropius, Paul Klee e Wassily Kandinsky, incluídas no CD-ROM.
No exemplo pioneiro da disputa entre a Ford e a General Motors nos anos 1920, a vitória da variedade de modelos da GM sobre a permanência do modelo único da Ford deixou claro que a caracterização estilística, a moda e a obsolescência programada também seriam fatores influentes no projeto de design a partir de então. A segunda vertente do design se define, em grande parte, pelo reconhecimento desses fatores. Além de se exigir qualidade funcional dos projetos, passou-se a exigir também o valor da sedução pela renovação estilística constante e pela segmentação dos mercados: a multiplicação dos modelos para todo tipo de indivíduos, necessidades e bolsos. A opulência dos cromados, das curvas e cores exuberantes se tornou marcante especialmente no design norte-americano do segundo pós-guerra, como mostra o trabalho do designer Raymond Loewy, que redesenhou a garrafa de Coca-Cola, entre outros projetos famosos. Procure se informar sobre a obra de Loewy pesquisando imagens e textos sobre ele.
Para o autor, a tendência atual nos projetos de design é que os paradigmas das duas vertentes não se excluam, mas se equacionem à questão estética, juntamente com uma série de outros fatores específicos dos tipos de produto e público em foco. Será que essa também não poderia ser uma afirmação válida para qualquer campo de criação visual? De fato, como temos visto, todo profissional de criação deveria poder realizar, a seu modo, essa equação.
Se tomarmos como exemplo o filme de Sergei Eisenstein incluído no bloco Fragmentação, perceberemos que os seus sofisticados recursos de construção temporal não prejudicam a função do filme como reconstituição de acontecimentos históricos. Se voltarmos às roupas criadas por Rudi Gernreich, incluídas no bloco Geometria, também notaremos a integração da funcionalidade com o estilo. E no caso dos designers brasileiros irmãos Campana, cuja obra aparece no bloco Fragmentação, como você avaliaria essa equação? Faça uma pesquisa sobre a obra da dupla, na Internet ou em outros materiais, e reflita sobre a noção de “poética autoral” que Washington Dias Lessa atribui ao trabalho deles.
Neste fórum debata com seus colegas a respeito da “questão estética” na poética autoral dos irmãos Campana.
Para complementar o debate tragam uma pequena pesquisa sobre os percursores do design no Brasil que são Alexandre Wollner e Geraldo de Barros e sobre a Escola Superior de Desenho Industrial - ESDI no Rio de Janeiro.


Resposta:

A Hochschule für Gestaltung Ulm é considerada a mais significativa tentativa de estabelecer uma ligação com os pioneiros do design alemão. Foi sucessora da Bauhaus por seus métodos de ensino, disciplinas lecionadas, ideais políticos e por também acreditar que o design tinha um importante papel social a desempenhar.
Na Escola de Ulm, que prometia continuar a obra didática da Bauhaus, desenvolveram-se vários conceitos importantes do design do pós-guerra. Ao lado de Aicher, foram o suíço Max Bill e o italiano Tomas Maldonado que moldaram esta instituição.
A Hochschule für Gestaltung Ulm foi fundada em 1953 por Inge Aicher-Scholl, Otl Aicher, Max Bill, entre outros.
Procurando seguir a realidade do pós-guerra, o conceito e o programa da HGF foi uma reformulação das intenções professadas na Bauhaus. Aicher, Maldonado, Gugelot e Zeischegg, professores da nova geração, previam um design também apoiado na ciência e na tecnologia.
Alexandre Wollner tornou-se designer depois de se formar HFG de Ulm. Entre os seus trabalhos estão as identidades visuais da Eucatex, Ultragaz, Escriba, Sanitsta, Brasilit, Infoglobo, entre muitas outras.
De regresso ao Brasil, iniciou em fins de 1958, com Geraldo de Barros, Rubem Martins e Walter Macedo, o primeiro escritório brasileiro de design: FormInform — responsável por pioneiros projetos de identidade visual de empresas brasileiras.
Em 1962, com Aloísio Magalhães (1927-1982), iniciou um curso de Tipografia no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ).
Esta experiência originou a criação da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI) no Rio de Janeiro, em 1963 — marco histórico para a profissionalização do design no Brasil. A ESDI seguia a filosofia de ensino de Ulm.
Falando em grandes nomes do designer, não podemos deixar de mencionar Raymond Loewy, considerado como gênio das aparências, pioneiro do desenho industrial que criou as formas mais marcantes deste século e símbolos conhecidos no mundo inteiro. Suas obras ajudaram a fazer o retrato dos tempos modernos. Foi esse francês naturalizado americano, quem criou a forma branca, maciça e sem pés que se tornou sinônimo de geladeira; o emblema de um garfo e uma faca cruzados que indica restaurante nas estradas; o primeiro modelo de automóvel de passeio de linhas aerodinâmicas; a concha que no mundo inteiro identifica a Shell; uma profusão de eletrodomésticos, materiais de escritório, máquinas fotográficas, ônibus, enfim, até uma nave espacial.
Voltando a falar sobre designers brasileiros, observamos no trabalho dos irmãos Campana a profunda relação com os materiais – geralmente prosaicos – retransformados em produtos de grande valor agregado. O conceito de identidade compreende uma construção simbólica que se dá invariavelmente, em relação a um "outro". Assim, a identificação pode surgir de fora para dentro. É por meio dos significados produzidos pelas representações que damos sentido à nossa experiência e àquilo que somos. Portanto, considera-se indispensável a conceituação de identidade quando se fala em design, design nacional ou local.

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