16 de jan. de 2012

O tempo e os tempos na fotografia

No texto O tempo e os tempos na fotografia, Dante Gastaldoni comenta as várias dimensões temporais da fotografia.

Vamos refletir mais sobre uma delas, segundo a qual uma foto seria um “fragmento de tempo”, ou seja, o recorte de um instante no fluxo da experiência, o momento preciso de inscrição da luz no “click”. Toda obra tem um tempo de produção, ao qual se somam os diversos tempos de sua fruição – todas as artes visuais podem ser pensadas a partir de suas dimensões temporais. Enquanto algumas obras lidam com um tempo instantâneo, outras lidam com um tempo dilatado. Quando são produzidas, algumas obras isolam, outras sintetizam e outras combinam momentos; na fruição, podem envolver o espectador em diferentes tipos de duração.
No bloco Movimento, os trabalhos de Gustave Le Gray, Gaetano Pescee Robert Smithson e, no bloco Leveza, os trabalhos de Claude Monet, René Clair e Mira Schendel colocam a questão, cada um a seu modo.
Analise as diferentes relações desses trabalhos com o tempo e os sentidos que eles lhe atribuem.


Texto: O Tempo


   O tempo se apresenta de várias formas, por isso acima de tudo é relativo. No texto O tempo e os tempos na fotografia de Dante Gastaldoni, mostra a busca incessante pelo aperfeiçoamento e a interdependência entre a formação do fotografo e o valor da sua produção, a repercussão dos trabalhos principalmente de Henri Cartier Bresson e Sebastião Salgado ambos de temáticas humanistas, com trabalhos em preto-e-branco, com grande capacidade de produzirem obras inovadoras.
   O processo da fotografia está diretamente relacionado com o processo das artes em geral, elas se impulsionam, transformando o tempo ao seu redor. Quando Le Gray, em 1856, fotografou a Onda, o ato de captar os movimentos das águas do mar de forma tão nítida e fiel revolucionou a fotografia e congelou o tempo no instante da onda do mar, onde bastaram apenas alguns segundos para estar sensibilizado e menos ainda para sensibilizar o olhar do observador.
   No início, era necessário que o objeto fotografado permanecesse imóvel, como se estivesse congelado, agora começava uma nova fase onde o objeto era imobilizado numa fração de segundos.
   Sendo o movimento a alteração da posição espacial no Pier de Robert Smithson, o movimento que a obra exige é o deslocamento espacial temporal, exigindo a participação física do observador, apesar de uma obra estática o observador precisa estar em movimento. Diferente de Saint-Lazare de Claude Monet, onde o tempo foi congelado.
   Em Ent’acte de René Claire, transformou os sentidos, e permitiu que o tempo corresse livremente, pois o cinema nos traz essa liberdade, mesmo que sejam fotos seqüenciadas nos dão a sensação de movimento, é como se estivesse acontecendo no exato momento em que se observa a obra.
   O Trenzinho de Mira Schendel, feito de frágeis folhas de papel penduradas em um fio, nos remetem a fragilidade do tempo.
   Todos estes artistas modificaram os sentidos das coisas, modificando também as artes em geral e assim transformando o seu tempo, tempo este que também transforma o olhar.

Nenhum comentário:

Postar um comentário