16 de jan. de 2012

Fragmentação

Fórum:  pense exemplos de linearidade e descontinuidade na televisão e discuta os seus diferentes sentidos.


Texto:
   Segundo Manuel Castells a história da digitalização e o desenvolvimento de computadores e redes fizeram as novas tecnologias da informação começaram a difundir-se, durante o final da década de 70, acelerando seu desenvolvimento sinérgico e convergindo em um novo paradigma. Fazendo com que a mídia tradicional – como TV, o rádio e mídia impressa – começa-se a se deparar com mídias emergentes dotadas de um diferente suporte, implicando em uma nova maneira de produção e transmissão, bem como de participação e integração do público.


   Lúcia Santaella nos diz que esta nova era que ela qualifica como hipermidiática, engloba um universo fluído e sempre mutável e as infinitas conexões que ele possibilita: na hipermídia, o texto, o desenho, os gráficos, os diagramas, os mapas, as fotos, os vídeos, as imagens geradas computacionalmente, e o som e os ruídos mesclam-se em hiper-sintaxes híbridas e sem fronteiras definidas.

   O termo hipertexto foi definido por Theodor Nelson, nos anos 70, para descrever um sistema de escrita não seqüencial: um texto que se desmembra e permite escolhas ao leitor. Mais tarde, ele expandiu a noção para hipermídia para descrever uma nova forma de mídia que utiliza o poder do computador para arquivar, recuperar e distribuir informação na forma de figuras gráficas, texto, animação, áudio e vídeo.

   Devemos perceber as transformações profundas que estão ocorrendo em várias áreas da atual sociedade: o surgimento de um poderoso mercado global de mídia e bens culturais; inovações tecnológicas que aceleram esse processo e distribuem rapidamente informação para qualquer lugar do mundo; o marketing e a publicidade globalizados, que reforçam marcas e vendem produtos da mesma maneira para vários países e o surgimento de novas maneiras do homem relacionar-se, a necessidade urgente de novos modos de compreender o mundo.

   Esta não linearidade e descontinuidade são levadas ao extremo nas mídias digitais emergentes, que nos dão a capacidade de acessar qualquer ponto randômico e , então, facilmente saltar para outro, sejam esses pontos páginas de um processador de texto, informações em um disco ou outro recurso de arquivamento, ou mundos digitais localizados em qualquer lugar do universo ligado na internet e naquilo que passou a ser designado como ciberespaço.

   Massimo Felice nos diz que: na época da comunicação sem fio, os novos meios de comunicação tiveram a importante função social de resignificar as distância e também passaram a reproduzir identidades e lugares artificiais, estendendo à subjetividade e às paisagens a mesma condição dada à obra de arte.

   A mídia televisiva escancara a descontinuidade: cada programa é periodicamente interrompido para abrir espaço para os comerciais e, conseqüentemente, o sentido tem que ser veiculado em blocos, de modo fragmentário.

   A descontinuidade, a interrupção, a fragmentação são características da linguagem televisual, a tal ponto que estão previstas nos próprios roteiros ficcionais. O acoplamento da TV ao computador faz prever mais mudanças nesse quadro, por hora, no entanto, a linguagem televisual se caracteriza por uma tensa modulação entre os momentos de suspensão do sentido, de invasão dos sentidos diversos, de reatamento do sentido interrompido. Para fazer frente a tantas invasões e interrupções, o texto televisual preserva fortes regularidades de gênero e principalmente formato, sendo os mais consagrados dentro da tradição ficcional da TV: as séries, miniséries, especiais e as telenovelas. Por mais que alguns programas televisivos tentem manter uma linearidade como os seriados e as novelas no final eles acabam apresentando uma descontinuidade por estarem fragmentados em blocos.

 

Referência:

Balogh, Ana Maria. O discurso ficcional na TV: Sedução e Sonho em doses Homeopáticas. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.

Nenhum comentário:

Postar um comentário